Fiocruz projeta abertura de 1ª unidade de medicina translacional de SP até junho em Ribeirão Preto

20/03/2018

 Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) planeja inaugurar, ainda no primeiro semestre deste ano, sua primeira unidade de medicina translacional do Estado, no campus da USP, em Ribeirão Preto (SP).

 
Com um investimento inicial de R$ 7 milhões, a instalação terá como principal mote a aproximação das descobertas científicas do laboratório com as pesquisas clínicas em pacientes, reduzindo o tempo de validação de medicamentos e soluções, em um primeiro momento voltados para doenças como leishmaniose e câncer.
 
"É uma tradução do conhecimento do laboratório para aplicação no sistema de saúde", explica o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Aurélio Krieger.
Em um mesmo ambiente de inovação, profissionais da Fiocruz, da USP, além de empreendedores ligados a startups do setor de saúde poderão atuar de maneira menos fragmentada do que a convencional.
 
Marco Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz (Foto: Peter Illiciev/Fiocruz) Marco Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz (Foto: Peter Illiciev/Fiocruz)
Marco Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz (Foto: Peter Illiciev/Fiocruz)
É o que Krieger chama de sinergia. "É mais do que complementar. A gente não está só somando competências individuais, a gente está obtendo um resultado que é maior do que a própria soma desses individuais", diz.
 
A unidade de medicina translacional, que poderia ser definida como aquela que acelera a aplicação e a transmissão do conhecimento gerado em laboratório, será possível graças a um acordo de cooperação assinado com o Estado, que também prevê atividades voltadas para o desenvolvimento de exames para doenças como dengue, febre amarela, zika vírus e chikungunya.
 
 
Após 16 anos de discussões, esta será a primeira sede da Fiocruz em São Paulo.
 
Unidade de pesquisa translacional
Dos R$ 7 milhões, R$ 3 milhões são destinados à reforma de um prédio da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) que deve ser concluída em abril para posterior colocação de mobiliário e equipamentos, segundo Krieger. Nela atuarão pesquisadores especializados em imunologia e bioquímica da Fiocruz, entre eles Rodrigo Stabile, Ricardo Gazzinelli e João Santana.
 
"É a primeira vez que estamos investindo num ambiente onde a pesquisa clínica vai coexistir com a pesquisa básica. Nesse sentido é uma inovação, é uma atividade inédita."
 
Outros R$ 4 milhões serão utilizados para a manutenção das atividades no laboratório por ao menos quatro anos. Demais recursos devem ser obtidos por meio de subvenções do Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
 
Um deles, de acordo com Krieger, prevê um aporte de R$ 10 milhões no desenvolvimento de soluções contra doenças infectocontagiosas e crônico degenerativas.
 
Um dos primeiros trabalhos previstos é a concepção de nanobodies, versões reduzidas dos anticorpos encontrados no nosso organismo que serão capazes de identificar a camuflagem das células cancerígenas, o que facilitará sua eliminação.
 
"A célula de câncer acaba sendo na maioria dos casos reconhecida pelo sistema imunológico como uma célula própria. Existem algumas moléculas envolvidas nesse conhecimento. A ideia inicial é trabalhar com moléculas que vão impedir que moléculas de câncer utilizem essa maneira de se camuflar como se fossem células normais do sistema imunológico."
 
 
Graças ao modelo de pesquisa translacional, depois de testes pré-clínicos no laboratório, a solução segue diretamente para os exames clínicos no Hospital das Clínicas da FMRP, essenciais para a validação de qualquer terapia. Em uma aplicação mais ampla, esse diálogo permitirá uma inclusão cada vez maior de professores e alunos da universidade nesse processo.
 
"Os estudos normalmente têm várias fases. Obrigatoriamente, com a evolução satisfatória dos resultados, você tem que partir para estudos multicêntricos em diferentes condições, mas os estudos iniciais seriam feitos no HC de Ribeirao Preto", afirma Krieger.
 
Segundo o vice-presidente de Produção e Inovação da Fiocruz, a entidade ligada ao Ministério da Saúde atualmente conta no país com unidades de referência na pesquisa, como o Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará, e na produção de vacinas e medicamentos, mas nenhuma delas promove uma sinergia tão direta entre laboratório e universidade.
 
"Se você tem as coisas acontecendo em ambientes diferentes, você precisa finalizar uma etapa para daí levar essa prova de conceito para outro grupo que vai iniciar outra etapa. A gente está falando de uma pesquisa básica, pré-clínica, e uma pesquisa clínica. A vantagem de ter pessoas no mesmo ambiente potencializa que esse tempo seja encurtado em alguns anos porque as equipes já estarão dialogando sobre os resultados e os protocolos em uma fase inicial."
 
Fonte: G1

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