"Saúde, SIM! Violência, NÃO!": porque precisamos proteger quem cuida de todos nós

Edison Laércio de Oliveira é presidente do Sinsaúde Campinas e Região e da Federação Paulista da Saúde 25/11/2025

M...., vítima de socos na nuca desferidos por um paciente em surto pela demora do atendimento médico em 2024, ainda está em tratamento, pois a agressão deixou sequelas que talvez nunca mais sejam curadas.
 
Já o paciente F., inconformado com a falta de um medicamento que precisava para controlar as dores na coluna, fez um motorista e outros três funcionários reféns para exigir uma providência que atendesse sua necessidade.
 
Não haveria espaço aqui para relatar as agressões morais e psicológicas que, neste momento, atingem milhares de profissionais da saúde e crescem de forma exponencial.
 
A violência é inaceitável, e a revolta da população, compreensível em um sistema falho, jamais pode recair sobre quem está na linha de frente. O problema, inicialmente mais marcante nos hospitais públicos, UBSs e UPAs, onde a demora e a falta de recursos geram indignação, migrou para o setor privado e filantrópico que dá suporte à saúde pública.
 
Daí nasceu a campanha patrocinada por esta Federação: “Saúde, SIM! Violência, NÃO!”. Uma pauta urgente que, felizmente, encontra eco em outras grandes iniciativas como a “Marcas da Enfermagem”, criada pelo Cofen (Conselho Federal da Enfermagem) junto com os Corens estaduais.
 
Ambas as campanhas objetivam chamar a atenção das autoridades públicas e das administrações hospitalares para o problema, exigindo providências que garantam a segurança dos profissionais da saúde que diuturnamente atuam em prol da população, incluindo a aprovação do PL 6.749/2016, projeto de lei que busca aumentar a pena para crimes cometidos contra profissionais de saúde.
 
É preciso ressaltar que esses profissionais trabalham na maioria das vezes sem as condições ideais para cuidar da população, seja por falta de insumos, equipamentos e até medicamentos necessários à função. São problemas estruturais que não são de sua responsabilidade. Mesmo assim, não cruzam os braços e seguem dando o atendimento que os pacientes precisam.
 
A pesquisa do Coren-SP no Estado de São Paulo mostra a dimensão da covardia: Oito em cada 10 profissionais já sofreram algum tipo de violência no trabalho, sendo:
 
Verbal: Citada por 90% dos relatos.
Psicológica: 79%
Física: 21%
Em Brasília, pesquisa do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPE-DF) mostra que as agressões são um padrão no País como um todo, com um alerta grave:
 
Apenas 15,2% dos profissionais que relatam violência física fizeram denúncias formais. Isso é medo, é omissão do sistema, e nós não vamos tolerar.
 
A Federação Paulista da Saúde, junto com os sindicatos filiados, que representam mais de 800 mil trabalhadores no estado de São Paulo dos setores privado e filantrópico, oferece suporte jurídico, psicológico e institucional aos trabalhadores envolvidos. Mas é preciso mais.
 
 “Saúde, SIM! Violência, NÃO!” não é apenas um slogan; é um grito de BASTA!
 
Esta campanha nasce para sensibilizar a população para o papel heróico cumprido por esses profissionais e, principalmente, para COBRAR a adoção de protocolos de segurança por parte do Poder Público e dos estabelecimentos de saúde. Eles têm o DEVER de garantir proteção à vida e à integridade para aqueles que são linha de frente no atendimento à população.
 
Se não obtivermos a resposta adequada, esta Federação tomará providências firmes e imediatas junto ao Ministério Público do Trabalho e aos demais órgãos competentes.
 
Precisamos cobrar e exigir a quem de direito, mas, acima de tudo, precisamos apoiar quem está ao nosso lado dia e noite. Una-se à nossa luta!
 
 
 
*Edison Laércio de Oliveira é presidente do Sinsaúde Campinas e Região e da Federação Paulista da Saúde
 

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