Cortinas divisórias de leito hospitalar estão contaminadas por Staphylococcus Aureus resistente à meticilina

29/08/2019

Um pequeno estudo mostrou que duas semanas após instaladas, 87,5% das cortinas divisórias dos leitos hospitalares estavam contaminadas por Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA, do inglês Methicillin-Resistant Staphylococcus aureus).

 
“Nós sabemos que as cortinas divisórias representam um grande risco de contaminação cruzada, pois são manuseadas com frequência, porém trocadas com menor periodicidade”, disse o autor do estudo Kevin Shek em comunicado à imprensa.
 
“A alta taxa de contaminação que observamos no décimo quarto dia pode significar um momento oportuno de intervenção para limpar as cortinas ou para trocá-las”.
 
Kevin, do BSc Med Research Program, Max Rady College of Medicine na University of Manitoba em Winnipeg (Canadá), junto com o Dr. Rakesh Patidar, Ph.D., microbiologista do departamento de microbiologia na University of Manitoba, e colaboradores, publicou seus achados na edição de setembro do periódico American Journal of Infection Control.
 
 
Por isso, os pesquisadores conduziram um estudo piloto prospectivo longitudinal no qual foram obtidas culturas de cortinas divisórias instaladas em uma unidade regional de queimados/cirurgia plástica durante um período de 21 dias. O estudo foi feito com 10 cortinas divisórias convencionais recém lavadas: quatro em uma enfermaria de quatro leitos, quatro em quartos com dois leitos e duas cortinas de controle em quartos sem atendimento direto aos pacientes ou contato com profissionais da saúde. Nenhum paciente com MRSA ocupou nenhum dos quartos, e as cortinas foram instaladas aproximadamente a 30 cm dos leitos. As cortinas foram trocadas quando estavam visivelmente sujas ou na troca de pacientes antes do vigésimo primeiro dia.
 
 
As cortinas de controle tiveram pouca contaminação por microrganismos durante os 21 dias, partindo de uma média de 0,10 unidades formadoras de colônias (UFC)/cm2 no primeiro dia até uma média de 0,60 UFC/cm2 no 21º dia. As outras cortinas mostraram-se cada vez mais contaminadas, com médias de 0,20; 1,17; 1,57; 1,80; 1,69 e 1,86 UFC/cm2 nos dias 1, 3, 7, 10, 14 e 17, respectivamente. A contaminação destas cortinas aumentou acentuadamente para um valor médio de 5,11 UFC/cm2 no vigésimo primeiro dia.
 
“Até onde sabemos, não existe um padrão definido para avaliar a higiene das superfícies hospitalares. Contudo, o que tem sido proposto é que os hospitais adotem pelo menos o mesmo padrão de higiene das áreas de preparação de comida. Por exemplo, o Reino Unido especificou que os equipamentos de processamento de alimentos devem ter < 2,5 UFC/cm2; no vigésimo primeiro dia, 75% das cortinas excederam este limite de segurança”, segundo os pesquisadores.
Contaminação por MRSA
 
No décimo dia, quatro das oito cortinas testadas tiveram resultado positivo para MRSA, e no décimo quarto dia, sete, ou 87,5%, das oito cortinas do teste foram positivas para MRSA.
 
 
 
Perguntas sem resposta
“A presença do MRSA e o número de UFC sugerem que as cortinas são uma fonte de contaminação cruzada nos hospitais”, escreveram os autores. “Estes dados sugerem que intervenções para limpeza ou troca de rotina das cortinas devem ocorrer aproximadamente depois de 14 dias de sua colocação”.
 
Contudo, o Dr. Sarvesh admite que é preciso conhecer melhor os desfechos dos pacientes antes de os hospitais começarem a gastar quantidades enormes de dinheiro limpando cortinas. “A sujeira na cortina modifica a incidência de infecção de feridas para alguém, ou o risco de uma pessoa adquirir MRSA”?
 
A outra questão é “podemos fazer algo barato, como limpar as cortinas toda semana ou a cada duas semanas, ou realmente precisamos lavá-las?”, acrescentou.
 
Segundo o Dr. Sarvesh, um dos pesquisadores, o Dr. Song Liu, Ph.D., do departamento de engenharia de biosistemas da Faculty of Agricultural and Food Sciencesna University of Manitoba, é especialista em química de superfícies. O grupo espera avaliar técnicas para o uso de superfícies autolimpantes em cortinas divisórias. O pesquisador enfatizou ainda que este estudo é uma iniciativa multidisciplinar contendo especialistas em clínica, microbiologia e química de superfícies.
 
 
 
 

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