OMS recomenda procurar casos suspeitos de coronavírus a partir do fim de 2019

05/05/2020

 A Organização Mundial da Saúde (OMS) encorajou nesta terça-feira (5) os países a buscarem casos suspeitos de Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), em registros feitos a partir do fim de 2019.

 
O apelo foi feito depois que um hospital na região parisiense, na França, detectou um caso da doença ocorrido em 27 de dezembro, quase um mês antes de o governo anunciar o primeiro registro oficial da doença.
 
Para a OMS, "não é de se surpreender" que um caso tenha sido registrado na França antes do que se pensava. O porta-voz da OMS, Christian Lindmeier, afirmou que "também é possível que haja mais casos iniciais". Ao encorajar os países a verificarem os registros de casos do fim de 2019, o mundo teria uma "imagem nova e mais clara" do surto.
 
Yves Cohen, chefe do setor de reanimação do hospital Avicenne e Jean Verdier, situado em Seine Saint-Denis, contou que a equipe testou as amostras de sangue congeladas de 16 pacientes hospitalizados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do centro médico entre 2 e 16 de janeiro.
 
Todos tiveram pneumonia e, na época, os exames foram feitos para detectar uma eventual contaminação pela gripe ou outros tipos de coronavírus, exceto o Sars-Cov-2, ainda desconhecido.
 
Um estudo publicado no "Journal of Antimicrobial Agents" indica que a amostra do homem de 42 anos, recolhida em 27 de dezembro, "prova que a Covid-19 já estava se propagando na França no fim de dezembro de 2019, um mês antes dos primeiros casos oficiais".
 
Até então, os três primeiros casos identificados no país datavam de 24 janeiro - um casal de chineses originário de Wuhan, cidade onde apareceu a epidemia, e um homem em Bordeaux, no sudoeste da França, que esteve na China.
 
Uma das hipóteses é que o paciente do estudo francês, hoje curado, tenha sido contaminado pela sua mulher, assintomática, que trabalha em um supermercado ao lado de um stand de venda de sushis, ao lado de colegas de origem asiática.
 
" Na China aconteceu a mesma coisa: este vírus tem a particularidade de se propagar silenciosamente, sem que sua presença seja detectada, para em seguida provocar casos sintomáticos", diz Olivier Bouchaud, chefe do setor de doenças infecciosas do mesmo hospital Avicenne.
 
Foi o que aconteceu na China: Pequim informou a Organização Mundial da Saúde sobre pacientes hospitalizados com uma pneumonia de origem desconhecida no dia 31 de dezembro. Porém, o primeiro caso foi identificado no dia 8 de dezembro, segundo um estudo divulgado por autoridades de Wuhan e divulgado pela revista "Lancet".
 
EUA
Nos Estados Unidos, um teste feito em caso antigo também mostrou que o vírus começou a circular no território americano antes do que as autoridades pensavam inicialmente. A primeira morte oficial por Covid-19 foi declarada em Washington em 26 de fevereiro. Mais tarde, descobriu-se uma morte provocada pela doença em 6 de fevereiro no condado de Santa Clara, na Califórnia.
 
Fonte: G1
Foto: Lakruwan Wanniarachchi / AFP

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