Após superlotação em ala de emergência, Hospital Municipal Mário Gatti suspende cirurgias eletivas

28/05/2021

 A cena de superlotação da sala vermelha do Hospital Mário Gatti, nesta quarta-feira (26), expôs o gargalo em que se encontra o sistema público de saúde de Campinas (SP). Com capacidade para 12 pessoas, a ala que recebe casos graves à espera de vaga em enfermaria ou UTI tinha pelo menos 20 pacientes pela manhã, três deles intubados. Diante da situação, a direção suspendeu as cirurgias eletivas na unidade para tentar tirar a pressão dos leitos.

 
Presidente da Rede Mário Gatti, autarquia responsável pela administração dos hospitais e pronto atendimentos de Campinas, Sérgio Bisogni tratou o momento vivido como "uma situação de guerra".
 
"Estamos no meio de uma situação de guerra, atendendo com o mesmo número de funcionários. A gente tem tentado repor e melhorar o número de funcionários para enfrentar essa situação, mas a demanda está muito grande", disse.
Segundo Bisogni, entre as medidas adotadas para tentar amenizar o problema está a suspensão de cirurgias eletivas. "Tomando cuidado para não considerar cirurgia oncológica eletiva. Tentamos com isso não utilizar leito que não for urgência", afirmou.
 
Sobre a situação da sala vermelha, denunciada por um funcionário que filmou a superlotação, Bisogni explicou que os pacientes intubados foram transferidos para leitos adequados ao longo do dia.
 
 
"Não estou aceitando isso pacificamente (superlotação). Vamos investigar, ver quem falhou. Só que de fato a gente está precisando de ajuda. A população tem que entender que nós não queremos o isolamento social. Óbvio que quem pode ficar em casa, fica. Mas quem precisa trabalhar, estudar, precisa usar os métodos de proteção. Só isso ajuda terrivelmente", completou.
 
Denúncia de funcionário
Um funcionário do Hospital Mário Gatti gravou um vídeo nesta quarta denunciando a superlotação de pacientes, com leitos e macas amontoados na sala vermelha.
 
"Não tem espaço para andar entre uma maca e outra. Não tem espaço para dar um atendimento de qualidade pro paciente. Quando chega uma ambulância, não tem como a maca da ambulância entrar, porque não tem espaço pra andar", diz o trabalhador da saúde.
"Temos pacientes graves, pacientes intubados, pacientes que eram pra estar numa UTI [Unidade de Terapia Intensiva], ou pelo menos numa semi-UTI, mas estão lá, misturados com um monte de pacientes de diversos tipos de patologias. Pacientes que eram pra ser uma cirurgia agendada e acaba urgenciando e colocando o paciente lá. No meio de pacientes graves, pacientes que estão com risco iminente de morte", completa o funcionário.
 
A denúncia também destacou a falta de distanciamento entre os leitos, medida necessária para conter o avanço da Covid-19, e que há pacientes com suspeita de coronavírus entre os demais e risco de infecção.
 
"A gente tá pedindo, pelo amor de Deus, pra que liberem vagas pra esses pacientes. A gente tá trabalhando numa situação precária. É desumano. É desumano para o paciente", afirma o funcionário.
 
Direção confirma problema
O diretor técnico do Hospital Mário Gatti, Carlos Arca, reconheceu que a situação é crítica em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo. Sobre o risco de contaminação de Covid-19, ele afirmou que é feito o teste RT-PCR para diagnóstico de coronavírus em todos os pacientes que chegam no hospital, e que os casos positivos são isolados.
 
Segundo Arca, os que apresentam sintomas respiratórios são encaminhados ao Hospital Metropolitano, que está com atendimento exclusivo para Covid-19.
 
"A tentativa é rodar muito rapidamente os pacientes, tentar manter um distanciamento seguro, uso de máscara pelos pacientes o tempo todo, porque usar máscara minimiza muito a transmissão", explica o diretor.
 
A metrópole já confirmou 3.302 mortes por Covid-19 e um total de 101.296 moradores infectados.
 
Fonte: G1

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