Saúde Digital terá novas especialidades, diz Dário

16/01/2024

 Campinas dará continuidade ao avanço do projeto de Saúde Digital, ampliando sua abrangência para incluir atendimentos especializados em breve. O anúncio foi feito pelo prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), que revelou que áreas como fisioterapia e fonoaudiologia estão sendo estudadas para integração. Em um ato falho, o prefeito também deu indícios de sua pré-candidatura à eleição. Ao ser questionado sobre a possibilidade de ter Wanderley de Almeida (PSB) como vice novamente nas eleições de 6 de outubro, respondeu: "Se Wandão aceitar, gostaria sim." Quando indagado se essa declaração confirmava sua pré-candidatura, Saadi desconversou, afirmando que a repetição da chapa vencedora de 2020 ocorreria "se for candidato."

 
Esses foram alguns dos pontos abordados por Saadi em uma entrevista concedida a convite do presidente-executivo do Correio Popular, Ítalo Hamilton Barioni. O prefeito também abordou projetos de infraestrutura em andamento, destacando a licitação dos piscinões antienchentes. Em relação ao aniversário de 250 anos de Campinas em 2024, Saadi expressou seu desejo de que "um presente maravilhoso seria a cidade não ter mais fila de creche." Ele planeja inaugurar 16 novas creches no âmbito do projeto Espaço do Amanhã ao longo do primeiro semestre, proporcionando aproximadamente cinco mil novas vagas. "A gente não está batendo o martelo, mas a capacidade que nós estamos construindo é suficiente” para zerar a fila, disse. Saadi também abordou outros projetos para o desenvolvimento do município, incluindo a revitalização do Centro. Segundo ele, o próximo prefeito, quem quer que seja, “herdará uma cidade que avançou significativamente nos últimos quatro anos, enfrentando grandes desafios e estará apto a trabalhar quatro anos de forma tranquila."
 
Como o senhor avalia o ano de 2023 para Campinas?
 
O ano de 2023 foi de muitos desafios. Começamos com chuvas recordes no acumulado de cinco dias, coisa nunca vista. As mudanças climáticas mostrando a nova realidade do clima. Tivemos sete pontes com problemas, quatro que foram levadas e três danificadas, e mais de 20 quilômetros de muro de contenção levados. A gente trabalhou muito, a infraestrutura da cidade já foi refeita, as obras já foram entregues. Trabalhamos também na consolidação dos grandes projetos, avançamos muito na pavimentação e asfalto com o programa Meu Bairro Bem Melhor 2, que vai chegar a 16 bairros. Estamos finalizando ainda o recapeamento que melhorou muito as avenidas centrais e algumas importantes dos bairros, que receberam investimentos de R$ 80 milhões. O nosso programa Espaço do Amanhã está avançando com as 16 creches no ritmo adequado, que serão entregues neste primeiro semestre. É um programa que acompanho pessoalmente. Foi um ano de recuperação dos estragos que tivemos no começo de 2023 e também de avanços nos principais problemas estruturais da cidade.
 
Abordando as questões estruturais, a prefeitura já deu início à concorrência pública para a construção do primeiro piscinão antienchente, cujas propostas serão analisadas no dia 30 de janeiro. Poderia fornecer informações sobre o cronograma referente aos outros dois piscinões?
 
Nós estamos finalizando os projetos. O do primeiro que foi para licitação envolve tecnologia de túnel, que é extremamente complexa. Não foi fácil finalizar o projeto porque fica na cabeceira da Avenida Princesa d´Oeste. A obra vai passar dos R$ 200 milhões. Os outros dois serão lançados ao longo de 2024. Pelo que nós observamos, são pouquíssimos escritórios no Brasil que fazem esse tipo de projeto. O que fez para Campinas é o mesmo que faz os dos piscinões da cidade de São Paulo. Nós estamos vivendo o período das mudanças climáticas e estamos preparando Campinas para enfrentá-las. Nós não tínhamos um projeto de macrodrenagem desses dois córregos, o Anhumas e o Serafim, e antes de conceber essa obra, tivemos que fazer uma análise geral nessa área diante do regime atual de chuvas. O que tinha eram projetos antigos e defasados. Na última chove forte, na semana passada, tivemos quase 90 milímetros de chuva acumulados em uma hora. É um novo regime de chuvas que é alarmante.
 
O senhor mencionou iniciativas na área da educação e outras obras de infraestrutura; no entanto, gostaríamos de saber mais sobre o progresso da implementação da telemedicina.
 
Está avançado, está em um ritmo excelente. Nós já chegamos a 18 mil consultas diretas e temos milhares de interconsultas, aquela que o médico faz com o especialista. Nos próximos dias, no começo deste ano, nós vamos fazer um avanço muito grande em relação as consultas de especialidades e também de outras profissionais, não só de medicina. Nós até mudamos o conceito de telemedicina para o de saúde digital. A prática mostrou que dessas quase 20 mil pessoas que passaram pela telemedicina nos postos de saúde, 95% não precisaram ir para o pronto-socorro, tiveram o problema resolvido pela saúde digital. A diretriz da prefeitura é não substituir a consulta presencial com o médico, a saúde digital veio para somar e tem dado muito certo.
 
O avanço mencionado pelo senhor na área da saúde digital sugere que o próximo estágio envolverá o acesso dos pacientes a especialistas?
 
Isso. Hoje nós temos um grande desafio que é a fila das especialidades, tanto consultas quanto procedimentos. Ela sempre foi histórica no SUS (Sistema Único de Saúde), mas a pandemia (de covid-19) agravou esse problema. Foram praticamente dois anos sem praticamente poder fazer cirurgias eletivas, sem atendimento de consultas de especialidades, sem procedimentos. Nós estamos preparando uma ação importante de especialistas via saúde digital para fazer, pelo menos, uma triagem da fila. Está sendo estudada ainda fisioterapia e fonoaudiologia, porque cada área tem sua normatização e seu conselho. Por exemplo, fisioterapia certamente vai servir para aqueles casos de orientação, não para acamados. Campinas está avançando muito bem e somos, inclusive, procurados por muitas cidades para conhecer o nosso modelo.
 
Como vice-presidente de Saúde da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), o senhor tem alertado há bastante tempo, reforçando recentemente, sobre o ônus significativo que os municípios têm enfrentado nos custos da saúde e a urgência de uma maior contribuição por parte de outros entes federativos, como os Estados e a União. Qual é o atual cenário dessa questão?
 
Isso é um grande desafio. Nós tivemos um avanço importante no Estado de São Paulo com o reajuste da tabela do SUS Paulista, nas o que acontece é o seguinte: há anos, 70% dos recursos do SUS nos municípios vinham dos governos federal e estadual; hoje, inverteu. Em 2023, devemos fechar a 76,78% dos recursos aplicados sendo do município. O reajuste da tabela é para o setor filantrópico, pegando aqui em Campinas a Maternidade, Santa Casa, Beneficência Portuguesa e o Hospital da PUC, mas ajuda o município porque essa defasagem entre a tabela SUS e o que vale é o município que banca. O que Frente Nacional dos Prefeitos defende é que haja mais verba orçamentária para os municípios.
 
Qual será o impacto da nova reforma tributária na situação financeira das prefeituras?
 
A reforma tributária vem na contramão no sentido de verbas para os municípios ao tirar a autonomia do ISS (Imposto sobre Serviços). Isso, no meu ponto de vista, vai comprometer as finanças dos municípios daqui oito, dez, 15 anos. A Frente brigou muito, estive na Câmara Federal, no Senado, participei de audiências públicas, mas infelizmente criou-se um consenso de que a reforma era necessária e foi aprovada. Eu me preocupo muito com os médios e grandes municípios porque são referências regionais no atendimento a saúde. Nós investimentos R$ 2 bilhões e tanto na saúde e 20% dos atendimentos são da região. A preocupação existe porque a lógica das últimas décadas tem sido transferir as atribuições para os municípios. Há 30 anos, os municípios não tinham guarda municipal; hoje, nós temos aqui 700, 800 guardas. A tabela do SUS não era tão defasada quanto é hoje. Era necessária uma reforma? Sim, mas dentro dessa discussão houve a intenção do governo federal de concentrar o ISS na mão do conselho federativo. Até hoje tenho dúvidas se esse conselho é constitucional porque será transferida a atribuição de divisão de impostos para um conselho que não foi eleito, é indicado. Eu fui radicalmente contra, mas espero daqui a 10 anos estar errado. Torço para isso.
 
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e Bernardo Appy, secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, afirmaram que haverá colaboração entre Estados e municípios na construção de determinados aspectos. Existem mecanismos viáveis para abordar essa questão?
 
Há alguns mecanismos sim, mas é uma briga de poder e de dinheiro. No meu ponto de vista, por mais que essa questões sejam regulamentadas por leis ordinárias que precisarão ser aprovadas, você vai colocar os prefeitos de pires na mão em uma realidade que muitas atribuições foram transferidas para os municípios.
 
Como está o andamento da licitação para o transporte coletivo, que, na primeira tentativa, não atraiu interessados?
 
A preparação da nova licitação está sendo finalizada. Toda vez que vai ser publicada novamente tem novo orçamento, nova cotação de preços. Estamos na fase de atualização dos dados. Esse é um desafio imenso não só de Campinas, tem cidades, como São José dos Campos, que está tentando fazer a licitação por quatro, cinco vezes e não consegue. Há uma crise no país no transporte público porque, da mesma forma que na saúde, precisa ter participação maior da União e do Estado. Em Buenos Aires, onde visitei a prefeitura e tem um transporte melhor do que nas cidades brasileiras, 85% do subsídio é do governo federal. Este ano, em Campinas, o subsídio será em torno de R$ 200 milhões, um dinheiro que sai do orçamento do município. Teria quer ter um sistema único de transporte público no Brasil onde os governos federal e estadual também participassem com repasses para poder equilibrar. Tem alguns pontos que estamos revendo.
 
Nós exigimos 256 ônibus elétricos, que é um número grande. Um ônibus elétrico custa hoje três vezes o valor de um convencional a diesel. Ao mesmo tempo, nós temos que eletrificar a frota. Nós estamos pensando em esticar o cronograma da troca para ficar um pouco mais viável.
 
Campinas decidiu não aplicar reajuste na ta- ENTREVISTA rifa em 2024. No entanto, é curioso observar que várias cidades estão adotando a tarifa zero nos finais de semana e até mesmo nos dias úteis. Como se equaciona financeiramente essa iniciativa?
 
Por exemplo, uma cidade que discutiu isso, mas acho que não vai fazer, é São Paulo. A capital é dez vezes o tamanho de Campinas, a grosso modo. Vamos colocar que Campinas vai colocar R$ 200 milhões de subsídio. Se São Paulo é dez vezes maior, o subsídio lá deveria ser de R$ 2 bilhões. Mas quanto vai ser em 2024? Serão R$ 6, R$ 7 bilhões. São Paulo vive hoje uma situação de caixa muito favorável por conta do acordo feito no governo passado, envolvendo a dívida, o Campo de Marte. Não é a realidade das outras cidades do país. Aqui na região algumas cidades deram tarifa zero, mas cidades pequenas, que tem um custo pequeno. Nós tivemos uma estabilidade do preço do diesel, fizemos as contas do reajuste dos motoristas e entendemos que era possível não reajustar a tarifa. Se for necessário, vamos fazer uma adequação do subsídio, mas jamais em números que chegam perto de outras cidades, como é o caso de São Paulo. É um sacrifício que a prefeitura faz para que as famílias de baixa renda não sejam oneradas, o trabalhador não seja onerado.
 
Uma iniciativa defendida pelo senhor, que agora está em processo de votação na Câmara Municipal, é a criação do Polo de Inovação para o Desenvolvimento Sustentável de Campinas (PIDS). Existe um grupo que se opõe a essa proposta. Como o senhor enxerga o futuro do PIDS e seu possível desdobramento diante dessa oposição?
 
Eu acho que será um debate importante para um projeto como esse. O que acontece na questão do PIDS é muito claro: hoje, muita gente que questiona não sabe que grande parte da área do PIDS é uma área de expansão urbana. Não é mais uma área rural, como as pessoas imaginam. O PIDS veio, inclusive, restringindo o uso. Em uma boa parte dessa área, hoje, pode-se construir prédios de 12 andares, nós estamos trazendo para oito, até quatro em alguns pontos. Nós tomamos um cuidado absurdo nesse projeto. Na questão de abastecimento de água, está prevista a adução do Rio Jaguari. Já existe um projeto viário para garantir o escoamento dos veículos. Dentro do PIDS, tem o HIDS (Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável), que tem quase 12 milhões de metros quadrados, que é um projeto que não é da prefeitura. É da Unicamp, do CNPEM, da PUC e outros agentes.
 
Diante dos diversos desafios que se apresentam, existe algum projeto que o senhor não conseguiu implementar durante seu primeiro mandato e que gostaria de realizar em um possível segundo mandato?
 
Eu acho que a questão de um eventual segundo governo é mais para frente que vamos discutir, é muito cedo ainda. Campinas é uma cidade maravilhosa, mas sempre tem seus desafios.
 
O senhor, por exemplo, modificou a maneira como se apresenta ao público. Nas redes sociais, nota-se uma presença mais ativa e descontraída, como no caso do "Fogo na Careca". Essa mudança faz parte de uma preparação para uma eventual campanha?
 
O que acontece é que a gente tem dificuldade de falar o que estamos fazendo do ponto de vista de ação de governo. Na rede social, se você for muito formal, não dá engajamento nenhum. Às vezes, você tem que usar um pouco de humor para tentar comunicar e também responder as críticas. A rede social é muito firme em críticas ácidas e muitas vezes agressivas. Muitas delas entendemos que são corretas, a gente não discute, mas outras têm cunho político, eleitoral. É só ver o perfil de quem faz para ver que são de uma militância política. No meu ponto de vista, se você tratar isso com leveza e com bom humor, atinge mais gente e consegue responder as críticas sem ficar uma coisa chata e agressiva também. Nós vamos discutir a candidatura no calendário eleitoral, isso vai ser discutido no final do primeiro trimestre. Não dá para discutir isso agora porque, para nós, quem está no governo tem que entregar, tem que trabalhar. No momento certo nós vamos discutir a campanha.
 
O senhor tem a impressão de que o seu mandato passou rapidamente?
 
Ele passou rápido, mas foi muito intenso. O primeiro ano na pandemia foi assustador. Eu nunca imaginava enfrentar uma situação tão complexa, tão agoniante e tão difícil. Eu não tenho vergonha de falar que perdia o sono todos os dias, dormia picado, acordava e dormia duas, três, quatro vezes por noite preocupado com o colapso do sistema. Eu fui vítima, peguei covid-19 e fui parar na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Pensei: enfrentei a pandemia como prefeito e agora acho que vou perder a guerra pessoalmente. Eu estive na UTI, entre outros motivos, porque tive bradicardia, o coração batia muito pouco, sentia cansaço, não conseguia colocar um chinelo. A cidade, aí não estou dizendo a prefeitura, enfrentou essa pandemia de maneira fantástica. Nós somente vamos valorizar isso daqui a alguns anos, a história vai valorizar. Você teve a rede lotada, apesar de tudo o que aumentou, e ter 230, 240 pessoas em leitos de retaguarda e não morreu ninguém por falta de atendimento, depois foi feita uma vacinação que foi referência. Hoje, talvez, possa parecer que estamos apenas cumprindo nossa obrigação, mas é importante ressaltar que o êxito não é mérito exclusivo do prefeito; toda a equipe desempenhou um papel fundamental. A rede privada, de maneira notável, lidou eficazmente com os desafios impostos pela pandemia, prestando atendimento a um significativo número de pessoas da região.
 
O senhor acompanha o cenário eleitoral. Quando assumiu o governo, o PSB era seu vice, e agora esse partido está na vice-presidência ao lado do presidente Lula, do PT. Como o senhor está gerenciando essa dinâmica e qual é a sua abordagem em relação a essa movimentação em nível local em Campinas?
 
Eu acho que o cenário local é diferente do cenário nacional. O Brasil é um país continental e você tem alianças nacionais e municipais. Então, não há interferência nesse sentido, no meu ponto de vista.
 
O senhor tem o desejo de contar com Wandão como seu vice?
 
Se o Wandão aceitar, gostaria sim.
 
Então, o senhor admite que é pré-candidato?
 
Se for candidato, sim.
 
Existem dois projetos que, embora não tenham participação direta da prefeitura, são de interesse da administração para o desenvolvimento da cidade: o Trem Intercidades (TIC) São Paulo-Campinas e o futuro do Aeroporto Internacional de Campinas. Qual é a sua visão sobre o futuro dessas duas questões?
 
Nós estamos acompanhando de perto esses dois projetos. O leilão do Trem Intercidades será em 29 de fevereiro e para a cidade de Campinas, é fundamental. Em relação ao Aeroporto de Viracopos, também. Fizemos uma reunião antes do ministro Márcio França deixar a pasta dos Portos e Aeroportos e estamos em contato com o atual ministro. Há uma perspectiva muito boa de fazer acordo com a atual concessionária e destravar. Do ponto de vista da prefeitura, nós não defendemos a prorrogação ou a relicitação do contrato. Agente defende que resolva o problema, porque o Aeroporto de Viracopos avançou muito, está num momento bom, mas precisa de investimentos na área de exportação de carga viva, de galpões, novos fingers.
 
Qual é o status atual da revitalização do Centro? O número de alvarás concedidos com base na Lei do Retrofit ficou dentro das expectativas ou houve uma queda em relação ao esperado?
 
Na verdade, foram os três primeiros. Como há uma renúncia fiscal de IPTU que pode chegar até 11 anos, os primeiros processos foram mais demorados. A gente acredita que agora começa a deslanchar. O que nós temos mais esperança também é na Lei de Incentivos, que já foi sancionada e mais de 60 atividades que pagarão o mínimo de 2% de ISS. Somando o Retrofit e a redução do ISS, é um impulso fantástico. A Lei do Retrofit permite também que prédios comerciais possam ser transformados em residenciais, porque hoje o preço do metro quadrado do comercial é muito mais baixo do que do residencial. Nós estamos preparando um manual que vai explicar essa possibilidade, que valoriza o prédio, o imóvel, e leva gente para o Centro, que é o objetivo.
 
Há alguma atualização em relação à transferência do pátio ferroviário da União para a prefeitura?
 
A União já avançou na cessão do pátio. Está na tramitação final da documentação. Ali teremos áreas que serão parques, outras que ficarão para instituições públicas e áreas que serão oferecidas para a iniciativa privada. Nós teremos lá este ano uma feira de arquitetura no Prédio do Relógio, que foi restaurado e está quase pronto.
 
Há alguma novidade relacionada ao aniversário de 250 anos de Campinas?
 
Tem sim. Nós queremos fazer alguns marcos descentralizados. Nós tivemos uma experiência muito importante com o Natal, que em 2023 foi descentralizado, tivemos 12 shows em todas as regiões de Campinas, pontos de iluminação em vários locais. A ideia é fazer a comemoração dos 250 anos também descentralizado, a cidade cresceu muito, com atividades culturais. Teremos também a entrega de várias obras, que são uma forma de presentear a cidade. Um presente maravilhoso seria a cidade não ter mais fila de creche. A sensação que se sentia uns anos atrás é que a fila não tinha fim, mas a gente está vendo uma luz no fim do túnel. A gente não está batendo o martelo, mas a capacidade que nós estamos construindo é suficiente.
 
No âmbito regional, busca-se um ordenamento eficaz e uma comunicação fluida entre os municípios por meio da muralha eletrônica. Em sua opinião, quais outras questões acredita que podemos avançar a partir deste ano no tratamento de assuntos regionais?
 
A segurança é uma área que tem avançado bastante. Eu acho que a saúde tem que ser uma questão regional, por isso defendemos o hospital regional. O governador Tarcísio (de Freitas) aparentemente deu o sinal verde para que sejam feitos estudos, que é um passo importantíssimo. A questão da saúde está sendo tratada do ponto de vista metropolitano. Há outros pontos também, como o transporte público, a questão social e o desenvolvimento econômico.
 
Recentemente, o governo federal apresentou um plano que destina recursos para Estados e municípios abordarem a questão dos moradores em situação de rua. Qual é a sua avaliação sobre esse plano e como a prefeitura tem lidado com essa problemática?"
 
Eu estive em uma reunião com cinco prefeitos e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, em relação a política envolvendo o morador de rua. Na primeira questão que foi colocada pelo ministro Alexandre de Moraes nós perguntamos quem pagaria a conta. Em alguns pontos eu divergi do ministro, como ter que dar barracas para os moradores de rua. Nós dissemos que aqui em Campinas nós não iríamos fornecer jamais porque nós fornecemos abrigos, que dá mais dignidade para essas pessoas. Campinas atende grande parte dessa política pública que o governo federal determina. Nós queremos discutir financiamento e, segundo, o tratamento para as pessoas que são dependentes químicas. Nós vamos ter uma política de saúde mental, discutir com seriedade o tratamento dessas pessoas? A solução que muita gente quer que é num estalar de dedos tirar essas pessoas é muito difícil, não tem.
 
Qual é a sua posição em relação à internação compulsória?
 
A internação compulsória já é regulamentada por lei. Eu acho que se houver um laudo psiquiátrico, como a lei permite, eu sou favorável dentro das normas que existem. A internação compulsória tem que ser validada por profissionais, psiquiatras, não é uma medida de higienização. Esse laudo tem que ser solicitado pela família a Justiça.
 
Na sua perspectiva, o próximo prefeito, independentemente de quem seja, encontrará a cidade em melhores condições?
 
Eu acho que pega uma cidade sem pandemia, se Deus quiser, o que já é um alívio tremendo. Pegará uma cidade que avançou muito nos últimos quatro anos, que enfrentou grandes desafios e que poderá trabalhar quatro anos tranquilo. Economicamente, a cidade está estabilizada, o endividamento está dentro da capacidade de pagamento.
 
O senhor adotou algum novo hobby recentemente?
 
O que estou tentando fazer é assistir filmes para focar um pouco em outra coisa, mas tem muitos que comecei e não terminei por acabar cochilando no meio.
 
Fonte: Correio Popular
Foto: Alessandro Torres

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