A Campanha contra a Carestia, movimento que combate a alta no custo de vida, integrará a manifestação “Menos Juros, Mais Empregos!”, convocada por Centrais Sindicais, como CTB, Força Sindical, CUT e UGT. Protesto acontecerá na terça, 18, às 10 horas, na Avenida Paulista, em frente ao Banco Central.
Histórico – Campanha é integrada por mais de 50 entidades, entre Confederações, Federações, Sindicatos e organizações estudantis. Criação ocorreu em 2021, em plena pandemia e sob Bolsonaro. Lídia Correia, diretora da Federação das Mulheres Paulistas e uma das articuladoras do movimento, avalia que no início do atual governo a redução dos combustíveis controlou os preços dos alimentos. Mas, do ano passado pra cá, a inflação da cesta básica atingiu níveis inaceitáveis, contra os quais é preciso lutar.
“A causa central dessa situação é a internacionalização dos preços. Estamos em primeiro lugar na produção mundial de café e laranja e em segundo na de carne bovina, e mesmo assim os preços estão nas alturas. Nosso problema não é falta de produção, e sim a priorização das exportações, que afeta de modo inaceitável nosso mercado interno”, diz Lídia.
Medidas – Movimento lançou Carta em que sugere cinco ações para baratear os alimentos. São elas: investir R$ 2 bilhões na reestruturação da Companhia Nacional de Abastecimento e dos estoques reguladores; garantir que parte da produção de alimentos seja reservada ao mercado interno; reduzir imposto de importação de alimentos; acabar com isenção de impostos aos exportadores de alimentos; e abrir dois mil armazéns de alimentos em todo o País, com preços subsidiados.
Juros – Lídia não vê diferenças significativas entre Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central indicado por Bolsonaro, e Gabriel Galípolo, que assumiu o cargo em 2024, já com Lula. “Essas taxas são inaceitáveis, e permanecem graças à pressão do rentismo. País algum prospera com essas medidas. O Brasil não pode aceitar viver apenas das exportações de commodities. Temos como mudar isso, através dos movimentos popular e sindical. Se a gente bater firme, Lula vem junto”, acredita.
Leia a carta da Campanha contra a Carestia.
Chega de carestia!
Estoques de alimentos e controle de preços já!
De 2018 à 2022 a vida do povo piorou drasticamente. A pandemia nos levou centenas de milhares de vidas e o desemprego atingiu milhões de brasileiros. Os preços dos alimentos básicos, da energia elétrica e da gasolina foram às alturas, trazendo muitos sacrifícios para o povo, ao ponto de levar as pessoas para a “fila do osso”, nas portas dos açougues.
O Brasil começou a ser reconstruído em 2023, mas a carestia permanece sendo um pesadelo. A alta dos preços tem ligação direta com o agronegócio, que privilegia muito mais a exportação à custa de um encarecimento absurdo dos alimentos, combinado com o aumento exponencial da fome da população brasileira.
A justificativa para esse aumento de preços vai desde “a subida do dólar”, “a sazonalidade da produção”, ou “fatores climáticos”, mas, na verdade, acontece pelo total descontrole sobre a especulação financeira que tomou conta do setor agrícola no Brasil, associado às mais altas taxas de juros do mundo, mortais para os produtores. Em todo o mundo a soberania alimentar é tratada como assunto estratégico de Estado, assim como a defesa militar, segurança pública e proteção à infância.
Mas, no Brasil, apesar de produzirmos uma quantidade suficiente para alimentar até 800 milhões de pessoas, segundo estudo da Embrapa, os preços estão nas alturas. Como explicar que, apesar de sermos o maior produtor de laranjas e café do mundo, e o segundo de carne bovina, os preços estarem nas alturas? Como é possível alimentar povos em dezenas de países no mundo e ter dificuldade para alimentar o seu próprio povo?
Essa lógica perversa foi construída nos últimos 30 anos, com o desmonte de todos os instrumentos de proteção à alimentação no Brasil, como a CONAB, o tabelamento de preços, o imposto sobre as exportações, que deram lugar a um estúpido jogo neoliberal de suposta “livre regulação” do mercado, o que significa deixar à solta os monopólios que controlam os preços.
As consequências dessa política irresponsável e criminosa chegaram ao seu limite. A carestia toma a renda dos trabalhadores, prejudica o desenvolvimento dos nossos filhos e a saúde de todos os brasileiros. Por isso são necessárias ações emergenciais e estruturais para garantir comida barata e de qualidade na mesa do nosso povo.
1- Investimento imediato de R$ 2 bilhões de reais para a reconstrução dos estoques reguladores de alimentos que compõem a cesta básica ampliada;
2- Garantia de que parte da produção de alimentos no Brasil seja reservada ao mercado interno;
3- Reduzir imposto de importação para alimentos com preço externo menor que o interno;
4- Fim da isenção de impostos aos exportadores de alimentos;
5- Abertura, em caráter emergencial, de cerca de 2 mil armazéns de alimentos em todo o Brasil, com preços subsidiados, numa parceria do governo federal com prefeituras e governos estaduais.
Assinam a Carta da Campanha Contra a Carestia:
FACESP – Federação das Associações Comunitárias do Estado de São Paulo
FMP – Federação das Mulheres Paulistas
UNEGRO – União de Negros e Negras pela Igualdade/SP
Associação Central e Comunitária dos Conj. Hab. Brasilândia B3
Associação de Moradores da Vila Piauí
Associação de Mulheres de Campinas
Associação de Mulheres Unidas Venceremos
Associação dos Moradores de Jardim Líder
CONSABSs – Conselhos das Sociedades Amigos de Bairro
Centro de Integração Social Gente Jovem da Zona Sul de São Paulo
COBAP – Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas
CTB – Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
Federação dos Trabalhadores de Água e Energia
FINDECT – Federação dos Trabalhadores dos Correios
Grêmio Recreativo União dos Moradores do Jardim São Luís
Instituto Social Brasil Esperança
MDM – Movimento pelo Direito a Moradia
MUHAB – Movimentos Unidos pela Habitação
Sindcomunitário – Sindicato dos Agentes Comunitários/SP
SASP – Sindicato dos Arquitetos de São Paulo
Sindicato dos Comerciários de São Paulo
Fonte: AgÊncia Sindical