Preço dos planos de saúde cresceu 327% entre 2006 e 2024

30/06/2025

Comprometendo uma fatia cada vez maior do orçamento das famílias e das empresas, os planos de saúde acumularam uma alta de 327% entre 2006 e o ano passado, quase o dobro da inflação geral do país, medida pelo IPCA, que subiu 170% no período. Os números são de uma análise antecipada ao GLOBO pelo Instituto de Estudos de Políticas de Saúde (Ieps), com base nas estatísticas do IBGE.
 
 
O preço dos planos de saúde foi o principal fator de pressão nos custos do setor “Saúde e Cuidados Pessoais”, que compõem o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O valor é  quase o dobro do acumulado geral do IPCA no período analisado, que foi de aproximadamente 170%. Os dados são da Nota Técnica n. 37 – Inflação de planos de saúde no Brasil em perspectiva comparada, elaborada pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS). 
 
O IPCA mede o quanto os preços dos produtos e serviços mais consumidos pelas famílias brasileiras, como saúde, habitação e transporte, estão variando ao longo do tempo.  Além dos planos de saúde, o subgrupo “Serviços de Saúde” também registrou um aumento expressivo, crescendo quase 300%.
 
De acordo com o estudo, o aumento pode ser atribuído a diversos fatores, como a incorporação de tecnologias mais caras, reajustes autorizados pelos órgãos reguladores e ineficiências regulatórias, mudanças demográficas e epidemiológicas que aumentam a demanda por assistência médica. Ainda segundo a pesquisa, o aumento dos preços torna o acesso à saúde suplementar cada vez mais oneroso para o orçamento da população, principalmente para os idosos, e também para as empresas. 
 
“O aumento acelerado dos preços pode resultar na exclusão de parte da população do mercado de saúde suplementar e pressionar ainda mais o SUS, que é cronicamente subfinanciado e sem perspectivas de aportes adicionais de recursos”, pontua Vinícius Peçanha, pesquisador do IEPS e um dos autores da nota técnica.
 
Brasil está entre os países com maior aumento nos preços dos planos de saúde 
Além do Brasil, a Nota Técnica n. 37 analisou o crescimento do preço dos planos de saúde na Alemanha, Colômbia, França, Suíça, Estados Unidos e Holanda. A análise comparativa internacional mostra que o Brasil está entre os países com maior aumento nos preços dos planos de saúde, superando a inflação geral em maior grau do que em países como Alemanha, França e Estados Unidos.
 
A pesquisa analisou também a correlação entre a variação nos preços dos planos de saúde e a proporção de idosos na população de cada país. A Colômbia é o país com o percentual de população idosa mais similar ao Brasil e foi um dos países que também apresentou padrões semelhantes no aumento de preços dos planos de saúde em comparação à inflação geral.
 
Já os outros países analisados na Nota Técnica n. 37, especialmente os europeus, apresentam populações mais envelhecidas e um padrão mais disperso de crescimento de planos em relação ao índice geral. Apenas os Estados Unidos, que possuem um grande número de idosos na população, apresentou a menor diferença entre o crescimento dos preços dos planos de saúde e do índice geral. 
 
Fonte: IEPS (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde)

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