População negra movimenta R$ 2 trilhões, mas ainda enfrenta racismo ao consumir

13/11/2025

Uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto DataRaça, em parceria com o Instituto Akatu, revelou um paradoxo alarmante: mesmo sendo responsável por movimentar cerca de R$ 2 trilhões anuais na economia brasileira, a população negra ainda sofre racismo ao consumir produtos e serviços.
 
Segundo o estudo, divulgado nesta segunda-feira (10), 34,8% dos entrevistados afirmaram ter sido vítimas de racismo em experiências de compra no último ano. O levantamento ouviu mil pessoas autodeclaradas negras em todas as regiões do país, com margem de erro de 3,1 pontos percentuais e nível de confiança de 95%.
 
A maior parte das situações relatadas ocorre de forma velada — 72% dos casos acontecem de maneira difícil de comprovar ou denunciar. Entre os exemplos estão seguranças que seguem clientes negros dentro de lojas, atendentes que presumem que a pessoa “não pode pagar” e vendedores que oferecem automaticamente versões mais baratas dos produtos.
 
“Quando a pessoa negra passa a consumir em lojas para a alta renda, ela se depara frequentemente com a situação de pedir um produto e o atendente já oferecer uma opção mais barata, sem ele nem sequer ter perguntado o preço”, explica Maurício Pestana, presidente do Instituto DataRaça.

Onde o racismo mais acontece
Os locais mais citados pelos participantes como ambientes de discriminação são lojas de roupas, shoppings e supermercados. Nessas situações, pessoas negras ainda são vistas como suspeitas, reforçando estigmas sociais.
 
Pestana destaca que muitas empresas ainda falham em dialogar com a maioria da população, o que cria barreiras e desconforto na experiência de consumo.
 
A pesquisa mostra que o consumidor negro é ativo, criterioso e valoriza marcas comprometidas com diversidade e respeito. Para 37,4% dos entrevistados, o comportamento antirracista das empresas é determinante na escolha de onde comprar. Em contrapartida, 24,6% afirmaram ter deixado de consumir em lojas percebidas como racistas.
 
O setor de beleza e higiene é o mais bem avaliado, com 83,9% de aprovação, impulsionado por marcas como Natura, O Boticário e L’Oréal, que investem em representatividade nas campanhas e no desenvolvimento de produtos voltados à pele preta.
 
Um levantamento da L’Oréal em 2024 mostrou que 91% dos consumidores negros da classe AB já sofreram racismo em lojas de beleza de luxo, o que levou mais da metade a desistir da compra e a preferir o comércio online.
 
 
Fonte: ICL Notícias

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