Indicadores apontam cenário mais difícil para contratações

08/11/2016

 
Os indicadores de mercado de trabalho da Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgados ontem, pioraram no mês passado. Com isso, a expectativa é de que as contratações demorem mais tempo para ganhar força no País. 
 
"Os resultados indicam uma recuperação em ritmo mais lento do que era esperado" disse Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV. Para ele, o saldo entre a criação e a destruição de empregos deve voltar a ser positivo apenas na metade de 2017. 
 
O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), que projeta o rumo do mercado de trabalho, recuou 0,8 ponto em outubro, para 92,9 pontos. Foi a primeira queda do IAEmp em oito meses. 
 
Segundo Barbosa, o avanço do indicador durante 2016 refletia a melhora das expectativas sobre o futuro do País. "Mas como a retomada econômica ainda não apareceu, acontece uma leve perda desse otimismo", ponderou ele. 
 
Já o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), que reflete o cenário atual do mercado, subiu pela segunda vez consecutiva. Com a alta de 0,6 ponto, o ICD chegou a 99,2 pontos no mês passado. 
 
"Desde março, esse indicador se mantém estável em um patamar elevado. Isso ocorre porque a situação do emprego continua piorando", explicou Barbosa.
 
Expectativas 
 
O pesquisador também apontou que componentes da Sondagem da Indústria de Transformação foram os que mais contribuíram para a queda do IAEmp. O indicador que mede o grau de satisfação com a situação atual dos negócios recuou 4,9 pontos, enquanto que o cálculo do ímpeto de contratação nos próximos três meses recuou 2,9 pontos. 
 
Para Denise Delboni, professora de economia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), a piora das expectativas não é justificada apenas pelo atraso da retomada econômica. "Nesta época do ano, as companhias são confrontadas com o pagamento de encargos sociais e de impostos. É um período assustador, especialmente, para os pequenos empresários", afirmou. 
 
De acordo com ela, mesmo as vagas temporárias, que costumam avançar durante o fim do ano, devem ter desempenho mais fraco em 2016. "Podemos ter algumas contratações deste tipo nos próximos meses, mas em quantidade menor do que vimos no ano passado, quando o resultado já foi ruim", projetou Denise. 
 
Mais afetados 
 
A especialista em mercado de trabalho disse ainda que uma melhora na geração de vagas deve acontecer apenas no segundo semestre de 2017. "Vai depender do andar da carruagem nos primeiros meses do ano. Ao que tudo indica, os empregadores ainda devem demorar um pouco para se sentirem confortáveis e voltarem a contratar", afirmou. 
 
Enquanto a retomada não vem, seguiu Denise, os jovens brasileiros continuarão entre os mais afetados pelo desemprego. Ela ressaltou que a faixa etária que vai dos 18 aos 24 anos tem menos experiência, além de fazer parte de uma geração considerada "instável" por parte dos contratantes. 
 
Sobre os setores econômicos, a professora apontou que a indústria deve ter maior dificuldade para ganhar força, mas o setor de serviços pode crescer já nos próximos meses. 
 
"Os industriais devem continuar sofrendo com a concorrência externa. Mas leves melhoras nas expectativas podem ser o suficiente para gerar algumas vagas no setor de serviços", completou. 
 
Para entrevistados, geração consistente de vagas deve acontecer só a partir da metade de 2017; enquanto isso, jovens e industriais devem ser mais afetados.
 
 
Fonte: DCI
 

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