O ano de 2016 encerrou com inflação em 6,29%, divulgou o IBGE nesta quarta-feira (11).
Em dezembro, o IPCA, índice oficial de preços ao consumidor, avançou 0,30%.
O centro de expectativas de economistas consultados pela agência internacional Bloomberg calculava o IPCA em 0,34% em dezembro e apontava avanço de 6,34% no ano.
Foi a primeira vez desde 2014 que o índice oficial de inflação ficou abaixo do teto da meta do governo, de 6,5%.
A redução do consumo de bens e serviços no país em decorrência da recessão econômica fez ceder a inflação, que teve seu auge em 2015, ao atingir 10,67%, maior percentual de uma década.
Na ocasião, o país vivia o reflexo do movimento chamado tarifaço, resultante do represamento de preços, como o da energia, de maneira artificial pelo governo no ano anterior. O resultado foi aumento de preços generalizado, tanto na cadeia produtiva quanto no setor de serviços.
ALIMENTAÇÃO E BEBIDAS
Em dezembro, o grupo alimentação e bebidas foi o destaque na pressão de alta, segundo o IBGE, passando a subir 0,08% no mês contra queda de 0,20% em novembro. Na outra ponta, o grupo habitação apresentou queda de 0,59% nos preços, depois de subir 0,30% em novembro na comparação mensal.
Segundo o IBGE, o principal impacto para baixo na inflação em dezembro (-0,13 p.p.) veio da energia elétrica, com queda de -3,70% nos preços. Essa redução se deveu à volta da bandeira tarifária verde em 1º de dezembro, em substituição à amarela.
Em 2016, o principal impacto sobre a inflação também veio de alimentação e bebidas, com alta de 8,62% contra 12,03% em 2015, exercendo peso de 2,17 ponto percentual.
O maior impacto individual do ano coube à alimentação fora de casa, com 0,63 ponto percentual depois de os preços terem subido 7,22%.
Já a inflação de serviços, que vem sendo observada pelo BC e com o setor sofrendo os efeitos da demanda fraca, viu a alta desacelerar em 2016 a 6,50%, contra 8,09% em 2015. Só em dezembro, subiu 0,65%, frente a 0,42% de novembro.
CONSUMO
Em 2016, com o avanço do desemprego, os brasileiros reduziram o ritmo de consumo, o que diminuiu, por consequência, a pressão sobre os preços.
Em janeiro, a inflação começou alta, em 1,27%, mas cedeu nos três meses seguintes, até ter uma leve alta em maio. O motivo era que, embora já não houvesse mais a pressão da tarifa de energia, a grande vilã da inflação do ano anterior, os alimentos subiam por problemas nas safras pelo país.
Chuvas em abundância no Sul e secas no Nordeste fizeram disparar preços de alimentos importantes na cesta de compras do brasileiro. O cenário impediu que a inflação cedesse de forma mais contundente ao longo do ano.
Em setembro, o índice de inflação ficou em 0,08%, menor taxa para o mês em 18 anos. A desaceleração da inflação abriu espaço para o corte na taxa básica de juros, a Selic.
No mês seguinte, em outubro, o Banco Central cortou a Selic pela primeira vez em quatro anos, para 14%. Em novembro, o BC fez o segundo corte e levou a taxa para 13,75%.
A próxima reunião do Copom (Conselho de Política Monetária) do BC ocorre nesta quarta-feira.
O governo enxerga na redução da taxa de juros uma oportunidade de reativar a economia. Juros baixos incentivam o consumo, mas o movimento pode levar a pressão de preços e inflação.
O mercado prevê, contudo, queda contínua da inflação neste ano, principalmente em razão da paralisação da economia.
A previsão é que o IPCA encerre 2017 em 4,81%, segundo Boletim Focus do Banco Central, divulgado na última segunda-feira (9). A partir deste ano, o intervalo de tolerância para a inflação cai para 1,5 ponto percentual. Ou seja, o teto recuará para 6% ao ano.