SÃO PAULO - As mudanças na proposta da Reforma da Previdência ainda não foram totalmente assimiladas pelos investidores que, em um movimento de proteção, buscam refúgio no dólar. Às 10h38, a moeda americana era negociada a R$ 3,121, alta de 0,74% ante o real. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) opera em queda de 0,21%, aos 63.384 pontos.
Jefferson Luiz Rugik, analista da Correparti Corretora de Câmbio, lembra que há um certo desconforto em relação às modificações que a Reforma da Previdência já sofreu, como a retirada dos servidores estaduais das mudanças. O temor é que o governo tenha que fazer novos recuos para aprovar uma nova regra. Além disso, há a expectativa de aumento de impostos para que a meta de déficit de R$ 139 bilhões do ano seja cumprida. “No cenário interno, a preocupação dos investidores é com a Reforma da Previdência que pode ter novos recuos e pela forte possibilidade de que a equipe econômica do governo possa aumentar impostos para cobrir o rombo das contas públicas”, avaliou.
O dólar ganha força em escala global, mas não de forma expressiva. O “dollar index” registra leve variação positiva de 0,04%.
No exterior, os investidores estão de olho na economia americana. O congresso americano devo votar a lei que vai substituir o “Obamacare”, o sistema de saúde dos Estados Unidos. Donald Trump fez fortes críticas ao “Obamacare” durante a campanha. Nesta manhã, o Departamento de Trabalho americano anunciou que o número de novos-pedidos de seguro-desemprego ficou em 258 mil na semana passada, acima dos cerca de 240 mil que eram esperados.
BOLSA COM PERDAS
Em meio ao mal estar político, as principais ações da Bolsa brasileira não têm força para sustentar um novo pregão de recuperação. Os papéis preferenciais (PNs, sem direito a voto) da Petrobras caem 0,07% e os ordinários têm leve alta de 0,14%. O setor bancário, de maior peso na composição do Ibovespa, também operam em terreno negativo. As preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco recuam, respectivamente, 0,91% e 0,73%.
Entre os frigoríficos citados na operação Carne Fraca, o pregão também é de queda. As ações da BRF recuam 0,25% e as da JBS, 1,36%. Sem ser citada, mas parte do setor, a Marfrig tem desvalorização é de 0,53%. Já a Minerva, que não faz parte do Ibovespa, tem leve alta de 0,18%.
Além de uma descaracterização da Reforma da Previdência, analistas avaliam se o governo tem condições de aprovar todos os projetos de cunho econômico que são esperados. Na quarta-feira à noite, o governo conseguiu aprovar na Câmara dos Deputados o projeto de terceirização de serviços, por 231 votos a 188. O placar, no entanto, segundo analistas, indica que projetos mais complexos ou polêmicos podem ter maior dificuldade de aprovação.
Na Europa, os índices do mercado acionário operam com leves ganhos. O DAX 30, de Frankfurt, e o FTSE 100, de Londres, registram valorizações de 0,14% e 0,21%, respectivamente. O CAC 40, da Bolsa de Paris, está praticamente estável (-0,01%).